Um estudo realizado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) apontou que o Triângulo Mineiro, o Noroeste de Minas e o Alto Paranaíba são as regiões do estado com mais grupos de Folia de Reis. Uberaba é o município com o maior número, destacando-se com 106 grupos registrados. Em seguida, João Pinheiro, no Noroeste, com 34; Uberlândia, no Triângulo, com 32, seguida por Patrocínio, com 26 e Patos de Minas, com 25, ambas no Alto Paranaíba.
Ao todo, 1.255 grupos de 326 municípios se cadastraram por meio de um formulário online criado pelo Iepha, sendo 81 inscrições feitas pelos próprios grupos, 42 pelo instituto e 1.132 partiram da iniciativa das prefeituras. A plataforma ainda permanece aberta recebendo cadastros, pois a ideia do Iepha é que seja uma atividade contínua, e que os grupos, prefeituras, pesquisadores e interessados em geral possam cadastrar informações sobre os milhares de grupos de Folia de Reis existentes.
Na última sexta-feira (6), as Folias de Reis foram reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Minas Gerais. A tradicional festa da cultura popular mineira recebeu aprovação de todos os membros do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep).
Folias de Reis em Uberaba
Em Uberaba, desde setembro de 2016, as Folias de Reis passaram a ser Patrimônio Cultural Imaterial da cidade. Em outubro, a Associação das Folias de Reis do município foi reativada, com o objetivo de estarem aptas a participar de editais de incentivo para a captação de recursos, além de unir ainda mais os grupos em torno das festividades popular.
Para o presidente da Fundação Cultural (FCU), Antônio Carlos Marques, esta valorização é um importante passo para fortalecer ainda mais esta manifestação cultural.
“Eu acredito na força das tradições culturais, e as festas de Santos Reis sempre sobreviveram sem apoio, pois, sobretudo, sobrevivem pela fé e pela religiosidade das pessoas. Com o apoio merecido, eles vão se fortificar ainda mais. Os foliões são geralmente pessoas simples, mas que tem uma grande sabedoria e merecem nosso apoio e respeito”, destacou.
O Setor Municipal de Patrimônio Cultural (Sempac) estima que Uberaba tenha cerca de 160 companhias de Folia de Reis. Para isto, o setor está realizando o processo de inventário das Folias de Reis de Uberaba, que consiste na catalogação das companhias existentes utilizando registros fotográficos, filmagens e entrevistas, que revelarão detalhes importantes como o tempo que as companhias foram formadas, a quantidade de integrantes e a história de cada grupo.
O projeto
O Projeto de Inventário Cultural para fins de Registro das Folias de Minas Gerais foi iniciado em 2015 e teve como objetivo central identificar, inventariar e compreender os diversos grupos de folias, companhias, charola e ternos existentes em todas as regiões do Estado de Minas Gerais.
“Esta pesquisa é uma ferramenta muito boa e ela deve ser usada nos próximos registros. É um canal que estamos tentando construir, junto à sociedade, para que seja transparente e haja participação. Às vezes a pessoa tem uma informação, mas não sabe como pode deixar aquilo gravado. Os grupos que são mais próximos já se conhecem, mas o que estão mais distantes têm práticas diferentes, então, a ideia é juntar estas pessoas para deixarem suas histórias registradas”, comentou o gerente de Patrimônio Imaterial do Iepha, Luís Mundim.
Após a disponibilização do formulário online e preenchimento dos internautas, o cadastro permitiu levantar um volume expressivo de informações sobre os grupos espalhados por Minas Gerais.
Segundo o Iepha, foi possível compreender, de maneira mais próxima, a realidade mineira onde esses grupos se localizam e como se organizam, segundo devoção, número de integrantes, personagens, vestimentas, instrumentos musicais, presença ou ausência de sede ou associação e periodicidade. Foram coletadas também referências históricas e depoimentos acerca da origem destes grupos.
“Cada um que cadastrou recebeu um e-mail de notificação avisando que foi cadastrado. A ideia é que a gente mobilize estas pessoas para fazer reuniões de salvaguarda que vão acontecer neste ano. Vamos fazer regionalmente, tentando juntar, além dos grupos que já foram cadastrados, os grupos que não tiveram acesso para discutirmos as necessidades e estratégias. O objetivo é manter viva esta tradição”, contou Luís.