UBERLÂNDIA, TRIÂNGULO MINEIRO – O União Atacado Distribuidor encerrou as atividades e fechou mais de 100 postos de trabalho após 50 anos de instalação em Uberlândia. A informação foi repassada aos funcionários em comunicado da diretoria na tarde desta quarta-feira (15).
O atacadista estava em processo de recuperação judicial a fim de evitar o decreto de falência. Um dos diretores financeiros confirmou que a empresa estava passando por problemas financeiros, mas não quis dar entrevista.
A empresa foi inaugurada em 1966 e chegou a ter 13 filiais operacionais pelo país, consolidando-se como um dos principais atacadistas de Minas Gerais. Em 2014, a empresa, que comportava no máximo 350 itens de venda, passou a contar com cerca de 3 mil e mais de 600 profissionais, incluindo representantes de vendas. A diretoria não confirmou o número atual no quadro de colaboradores, mas, segundo funcionários, cerca de 150 pessoas foram demitidas nesta quarta-feira.
Durante esta manhã, alguns trabalhadores foram à empresa para dar baixa na carteira de trabalho e continuidade ao processo demissional. Um deles foi o motorista Uerlei de Souza, que trabalhou por 13 anos no local. “A gente fica muito triste, porque são muitos desempregados. É uma pena por ser uma empresa tão grande. Jamais imaginávamos que pudesse acontecer isso”, lamentou.
A agente comercial Vivian Moura trabalhava no setor de vendas. “Nós sabíamos das dificuldades que a empresa enfrentava, mas optamos por dar as mãos e andar juntos. Querendo ou não, é triste, porque a gente tinha um ciclo de amizade aqui dentro”, comentou.
Guerra fiscal é impasse
O fechamento da empresa impacta diretamente na economia da cidade e, diante disso, representantes do setor comercial e do Município lamentaram o ocorrido e atribuíram o fato ao cenário econômico que o Brasil vive e também à guerra fiscal interestadual.
De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub), Fábio Pergher, é preciso mais atenção para essas questões.
“Ficamos tristes, porque era uma empresa referência no estado e no país. A guerra fiscal com os outros estados, e talvez até uma não compreensão do Estado para a problemática dos atacadistas aqui dentro, são alguns dos fatores. Se não olharmos com olhos mais críticos a nossa parte, enquanto legisladores, nas esferas municipal, estadual e federal, vamos entrar em um círculo vicioso difícil de reverter”, analisou.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Cláudio de Almeida Fernandes, destacou a falta de incentivo e dificuldades que as empresas mineiras enfrentam para competir com outros estados, uma vez que, de acordo com ele, o mínimo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) em Minas continua sendo um dos mais altos do país.
Outro aspecto citado por Fernandes diz respeito ao setor de produtos de limpeza e higiene, um dos pontos fortes do atacadista, ter decréscimo ao longo do ano.
“Qualquer empresa que fecha não é benéfico para a economia porque postos de trabalhos são desfeitos, assim como o sonho do empresário. Penso que, no caso do atacadista, que já vinha de uma situação financeira delicada, a situação se agravou ainda mais com a queda na importação desse setor. Fora a guerra fiscal, que é o grande gargalo”, afirmou.
Fernandes lamentou o fim das atividades da União Atacado e afirmou que o Município mantém diálogo a favor das empresas da cidade e da região, principalmente atacadistas, junto ao governo estadual.
g1