23/03/2017 12h38 – Atualizado em 23/03/2017 12h39
Foram fiscalizadas, nesta semana em Uberlândia, as unidades da BRF e JBS, duas principais empresas investigadas pela Polícia Federal na Operação Carne Fraca deflagrada nacionalmente na última semana. Segundo o chefe do Ministério da Agricultura em Uberlândia e auditor fiscal, federal e agropecuária, Daniel Simões Targa, não foram encontradas irregularidades.
Atualmente 120 estabelecimentos e frigoríficos estão sob controle e monitoramento na cidade, conforme informou a chefe do setor de alimentos da Vigilância Sanitária, Janice Aparecida Ferreira, que é responsável por controlar os comércios desses produtos dentro do município.
Conforme dados do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que fiscaliza o transporte intermunicipal e a produção regional no estado, em 2016, de 121 estabelecimentos apenas um foi interditado por irregularidades nas carnes.
Janice ainda orienta que é importante o consumidor verificar se o local tem alvará sanitário, observar as condições de higiene e como a carne é manipulada. “Caso haja alguma suspeita sobre a qualidade, ele pode e deve denunciar”, completou.
Operação ‘Carne Fraca’
Deflagrada pela Polícia Federal na semana passada, a Operação Carne Fraca investiga corrupção de fiscais do Ministério da Agricultura, suspeitos de receberem propina para liberar licenças de frigoríficos. Segundo a PF, partidos como o PP e o PMDB também teriam recebido propina.
Além de corrupção, a PF também apura a venda, pelos frigoríficos, de carne vencida ou estragada, dentro do Brasil e no exterior.
As investigações envolvem empresas como a JBS, que é dona de marcas como Friboi, Seara e Swift, e a BRF, dona da Sadia e Perdigão, além de frigoríficos menores, como Mastercarnes, Souza Ramos e Peccin, do Paraná, e Larissa, que tem unidades no Paraná e em São Paulo.
Na segunda-feira, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já havia anunciado a suspensão das exportações dos 21 frigoríficos investigados pela PF. Três deles fora interditados e pararam a produção. Os outros 18 podem continuar a vender dentro do Brasil.
O Ministério da Agricultura também afastou preventivamente os 33 servidores da pasta que são investigados na Operação Carne Fraca. Segundo o Ministério, esses servidores vão responder a processo administrativo disciplinar.
Carne vencida
Gravações telefônicas obtidas pela Polícia Federal apontam que vários frigoríficos do país vendiam carne vencida tanto no mercado interno, quanto para exportação.
Entre produtos químicos e produtos fora da validade, há casos ainda mais “curiosos”, como a inserção de papelão em lotes de frango e carne de cabeça de porco em linguiça, além de troca de etiquetas de validade.
“Eles usam ácidos e outros produtos químicos para poder maquiar o aspecto físico do alimento. Usam determinados produtos cancerígenos em alguns casos para poder maquiar as características físicas do produto estragado, o cheiro”, afirmou o delegado federal Maurício Moscardi Grillo.
G1