A Universidade José do Rosário Vellano (Unifenas), em Alfenas, no Sul de Minas, abriu um processo administrativo para investigar o vazamento de vídeos de alunas do curso de Medicina da instituição respondendo a perguntas de cunho sexual.
As imagens começaram a circular nas redes sociais. Os vídeos teriam sido gravados por alunos veteranos que também obrigaram as estudantes a escreverem em seus perfis das redes sociais “bixete burra” na frente dos seus nomes.
Segundo uma aluna, que preferiu não ter o nome revelado, os vídeos foram gravados por homens e mulheres, mas somente os vídeos das alunas vazaram. Nos vídeos elas tiveram que responder sobre suas posições sexuais preferida bebidas e drogas e sobre quais veteranos elas já ficaram. Elas responderam a perguntas como: “Você transa? Qual posição prefere? Que tipo de droga usa?”
“Foi muito estranho ter vazado só o vídeo das meninas. Isso aconteceu de maldade mesmo. A gente ficou sabendo que rodou o Brasil. É um constrangimento sem fim. Eu não gosto de trotes e nem queria escrever bixete burra em meu perfil, mas foi o jeito”, lamentou a estudante.
Por nota a Unifenas disse que já investiga os casos “Ao tomar conhecimento dos lamentáveis vídeos gravados por alunas ingressantes ao Curso de Medicina, câmpus de Alfenas, no mês de junho do corrente ano, instaurou processo administrativo, consoante previsão no Regimento da Universidade, no intuito de apurar os responsáveis pelo ato e aplicar as penalidades cabíveis aos envolvidos, respeitando sempre os princípios constitucionais da ampla defesa e contraditório no procedimento instaurado,” informou a universidade.
A Atlética Medicina Alfenas, entidade que atua em eventos esportivos do curso, também divulgou nota dizendo que não compactua com a atitude dos estudantes que fizeram e divulgaram o vídeo.
“A Atlética não participa nem coorganiza nenhuma ação, no que se refere a ações estabelecidas entre estudantes do curso de medicina, assim como qualquer forma de trote aos egressos, grupos em redes sociais, vídeos, mídias, entre outros. Como dito acima, as ações da AAAEMS estão restritas ao âmbito esportivo. Logo, qualquer atividade que não seja objeto de atuação da AAAEMS não tem compactuação, acordo ou aval de nossa parte”, informou a nota.
A Polícia Civil de Alfenas ainda não investiga o caso porque nenhum boletim de ocorrência foi registrado.
Lei que proibe trote em Minas
Em 2014 foi sancionada em Minas Gerais a Lei 21.165/14, que veda o trote. Com a sanção da lei, ficam proibidas as práticas de agressão física, psicológica, moral ou outra forma de constrangimento ou coação contra os alunos.
A norma determina, ainda, que os estabelecimentos de ensino incentivem a realização de atividades solidárias como forma de promover a integração entre os alunos novatos e veteranos.
O texto também define que os alunos sejam informados sobre o conteúdo da lei, principalmente durante a primeira semana do período letivo, e estabelece que o seu descumprimento sujeitará os infratores a penalidades administrativas a serem definidas em regulamento. Tanto os agentes responsáveis nos estabelecimentos de ensino quanto os estudantes estarão sujeitos também às sanções penais e civis cabíveis.
A norma é dirigida aos estabelecimentos de ensino médio, públicos e privados, e aos estabelecimentos públicos de educação superior que integram o sistema estadual de educação.