A Polícia Militar de Meio Ambiente em Ituiutaba (PMMA) ouviu na manhã desta quinta-feira (2), a empresa Agropecuária Alvorada, responsável pelo adubo líquido, que vazou de um caminhão-tanque e atingiu o Córrego do Cerrado no último sábado (25), em Canápolis. Após o acidente vários peixes foram encontrados mortos no córrego, que desagua no Rio Paranaíba.
Foram ouvidos dois engenheiros agrônomos e um advogado. Eles apresentaram dezenas de documentos entre licenças ambientais, relatórios de inspeção e manutenção e também a nota fiscal do produto que vazou de um caminhão da empresa. Eles afirmaram que o adubo líquido, utilizado na fertilização de canaviais, não traz riscos para o meio ambiente.
O advogado da empresa, Renato do Vale Cardoso, alegou que os peixes que apareceram mortos em um trecho do rio Paranaíba próximo à cidade de Canápolis eram de um pesque-pague.
Cardoso disse ainda que a grande concentração do material em um dos tanques do criadouro particular é que causou a mortandade por falta de oxigenação da água, mas que o produto se dispersou antes de atingir o córrego do Cerrado e o rio Paranaíba.
Os depoimentos duraram mais de duas horas e mesmo com os esclarecimentos e a alegação de que não houve dano ao meio ambiente a empresa poderá ser processada por crime ambiental.
Depois de analisar a documentação apresentada, a Polícia de Meio Ambiente enviará o material ao Ministério Público da comarca de Canápolis, onde a promotoria de meio ambiente deve instaurar uma ação para a apurar outras responsabilidades relacionadas ao acidente
A PMMA informou ainda que mesmo os peixes sendo de uma criação em cativeiro, o fato pode ser considerado crime e a justiça deve apurar também outras questões, como uma possível falha que possa ter provocado o vazamento do produto e a não comunicação do acidente aos órgãos competentes.
Pescadores não podem trabalhar
Pescadores que dependem da região do Córrego do Cerrado estão preocupados com as mortes dos peixes, que continuam acontecendo no local do acidente.
Segundo um dos pescadores, Francismar José Cardoso, é a primeira vez, em dez anos, que ele enfrenta uma situação assim. Até poucos dias, Francismar retirava cerca de 120 Kg de peixe por semana, ganhando mais de R$ 4 mil por mês, mas nos últimos dias não tem conseguido exercer a atividade nesta região.
A recomendação da PMMA é para que se evite o consumo de água, banhos e pesca no local, até que a situação seja regularizada.
Acidente
Consta na ocorrência que o chassi do veículo quebrou quando o motorista passou em uma lombada e a mangueira que dá acesso à carga rompeu, causando o vazamento. Ainda conforme a polícia, o líquido começou no Bairro Godoy e jorrou pela rua e bueiros. Segundo informações da Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMA), o material pode ter causado a morte de peixes no Córrego do Cerrado, que daságua no rio Paranaíba.