A campanha nacional de vacinação contra a gripe terminou nesta sexta-feira (22) com o menor índice de imunização de crianças dos últimos oito anos em Minas Gerais. A cobertura vacinal na faixa etária entre 6 meses e 5 anos alcançou 76,2% no Estado e ficou longe da meta, que é imunizar 90% dos pequenos. Na capital, a cobertura vacinal de crianças ficou em 68%. As vacinas continuam disponíveis nas unidades básicas de saúde.
O quadro em Minas é semelhante ao do país, onde, até quinta-feira (21), 67% das crianças haviam sido vacinadas. O público infantil faz parte do grupo de risco, uma vez que possui mais chance de desenvolver complicações em decorrência da doença: no Brasil, neste ano, 44 crianças de até 5 anos morreram, número três vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando houve 14 óbitos.
Outro grupo que não alcançou a meta de imunização em Minas Gerais foi o de gestantes: a cobertura vacinal ficou em 77,21%, e mais de 43 mil doses ainda não foram distribuídas.
“Crianças e gestantes correspondem a grupos nos quais a doença pode evoluir de forma mais grave e levar à internação e, eventualmente, a outras complicações – principalmente infecções bacterianas, que são secundárias, como a pneumonia – e ao óbito”, explicou o infectologista e diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling.
Ele alertou que, no inverno, que começou na última quinta-feira, com temperaturas mais baixas e clima mais seco, o risco de infecção pelo vírus influenza é maior. “A vacina é extremamente segura e eficaz. É importantíssimo que as pessoas prestem atenção aos calendários de vacinação”, pontua o médico.
Na sexta-feira, o empresário Giuliano Rezende, 45, levou o filho Gabriel, de 2, para se vacinar em uma unidade de Contagem, na região metropolitana. “Deixamos para a última hora, mas viemos para garantir que ele fique saudável. Ele está até um pouco gripado, e a vacina deve evitar isso”, disse.
Campanha. Nos demais grupos prioritários – trabalhadores da saúde, mulheres até 45 dias após o parto, indígenas, idosos e professores –, a meta de vacinação foi alcançada e, no geral, Minas imunizou 90,84% do público-alvo. A campanha contra a gripe, iniciada no dia 23 de abril, chegou a ser prorrogada duas vezes.
A partir de segunda-feira, se houver disponibilidade, as vacinas também serão distribuídas a crianças de 5 a 9 anos e adultos de 50 e 59 anos. As doses seguem disponíveis para os grupos prioritários, e a Secretaria de Estado de Saúde orienta aos municípios que não atingiram a meta a realizar busca ativa: agentes de saúde devem ir de casa em casa à procura de pessoas não vacinadas.
Casos
Números. No Brasil, foram registrados 3.122 casos de influenza, com 535 óbitos, até 16 de junho, segundo o Ministério da Saúde. Em Minas foram 109 casos, com 30 mortes.
BH confirma a primeira morte por febre maculosa
Belo Horizonte registrou a primeira morte por febre maculosa neste ano. A vítima morava na capital, mas, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), teria contraído a doença em outro município, que não foi divulgado.
Outros oito casos suspeitos da doença estão em investigação na cidade, que tem também uma notificação considerada inconclusiva, aguardando resultados de sorologia da Fundação Ezequiel Dias (Funed) ou coleta de nova amostra.
No ano passado, a capital registrou quatro casos confirmados de febre maculosa, sendo que três resultaram em óbito. Já em 2016, a cidade teve duas ocorrências confirmadas, sendo uma morte.
A febre maculosa é transmitida por carrapatos infectados – principalmente o carrapato-estrela – e é mais frequente no período seco, entre junho e novembro.
Segundo a SMSA, a prefeitura desenvolve ações de educação, prevenção e monitoramento para evitar contato com o carrapato. Além disso, a pasta realiza, três vezes ao ano, ações de vigilância acarológica no Parque Ecológico da Pampulha, que consistem na coleta de carrapatos para análise, e também controle vetorial em cavalos.
Manejo. Neste mês, a prefeitura concluiu metade do trabalho de manejo das capivaras que vivem na orla da lagoa da Pampulha. Cerca de 30 animais, que estão entre os hospedeiros do corrapato-estrela, foram capturados, esterilizados e microchipados, receberam carrapaticidas e foram soltos novamente. A previsão é que todas as capivaras estejam esterilizadas até outubro. (Natália Oliveira/ RM)
Febre amarela em 16 pessoas vacinadas
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou 16 casos de febre amarela de pacientes com histórico de vacinação. Dois deles morreram. Entre os doentes, 15 receberam uma dose da vacina de febre amarela, e um recebeu duas doses. Eles têm entre 7 e 86 anos.
A SES ressaltou que a vacina tem “alta taxa de segurança” e é a principal forma de prevenção. Entre julho de 2017 e junho deste ano, 528 casos da doença foram confirmados em Minas, sendo que 177 evoluíram para óbito e outros 64 estão em investigação.
Saiba mais
Segura. A vacina da gripe tem eficácia de 95% a 98% e índice de reação de 1%, segundo a Secretaria de Estado de Saúde.
Cobertura. A região Sudeste tem a menor cobertura vacinal contra a gripe no país, de 77,2%, conforme dados de quinta-feira do Ministério da Saúde. A região Centro-Oeste tem a maior cobertura (96,5%).
Negativo. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Betim, na região metropolitana, os resultados dos primeiros exames de estudantes internados na cidade com sintomas de febre maculosa deram negativo. A previsão é que o resultado da segunda amostra saia em 21 de julho.