Horror, mortes e muito medo. Essa é a lembrança de nossos avós, tios e amigos que viveram no Triângulo Mineiro no início da década de 70, todos, sem exceção, mencionam o terror que Orlando Sabino, o “monstro” de Capinópolis levou a população.
Homens, mulheres e animais sendo mortos com requintes de crueldade e nenhuma pista do assassino.
Segundo relatos, foram mais de 28 pessoas e aproximadamente 100 bezerros, todos mortos barbaramente desde Paracatu -Mg. até Capinópolis-Mg.
Mas como explicar os assassinatos que aconteciam quase ao mesmo tempo em cidades mineiras vizinhas e na zona rural?
Muitos diziam que Orlando Sabino havia feito um pacto com o demônio, o que lhe garantia o poder de camuflar entre pedras e cupins no pasto ou até mesmo de andar na velocidade do vento, o que explicaria o motivo dos assassinatos que aconteciam quase ao mesmo tempo em lugares distintos.
O maior telejornal do país na época, o jornal Nacional da tv Globo noticiava os feitos criminosos de Orlando na região na voz dramática de Cid Moreira, aumentando ainda mais o pavor na cidade e na zona rural.
Mas o que muitos não sabem é que a Tv Globo era simpatizante do regime militar que comandava o Brasil e mascarava as atividades da ditadura em sua programação, já que a concessão da emissora foi cedida durante este período e poderia ser indeferida caso algo que não agradace ao governo fosse publicado, o que leva a crer que o papel da Globo naquele momento era desviar a atenção do povo para o “monstro”.
Caminhões repletos de militares vasculhavam o Pontal do Triângulo Mineiro a procura de Orlando Sabino, ou seria perseguindo a guerilha urbana e rural que era contra o regime militar?
Exames de balística comprovam que em alguns corpos e carcaças de animais foram encontrados projéteis que eram de uso exclusivo das forças armadas do Brasil.
Em Março de 1972, após 48 dias de buscas, Orlando Sabino foi encontrado às margens do rio Paranaíba próximo à Ipiaçu-Mg., o cruel e sanguinário assassino estava muito assustado e tremia de medo.
Orlando Sabino – Um olhar assustado e amedrontado.
Orlando Sabino, negro, 30 anos, foi exibido ao público na cadeia pública de Capinópolis, onde se formou uma grande fila para vê-lo. Algum tempo depois, Orlando foi levado ao batalhão da polícia na cidade de Uberaba, aproximadamente a 260 km de Capinópolis, onde foi interrogado por dois dias e segundo as autoridades, confessou todos os crimes.
Os militares divulgaram parte da confissão de Orlando Sabino, que alegou matar por vingança, pois quando era menino foi juntamente com o pai cobrar uma dívida de um fazendeiro e foram recebidos a tiros; uma das balas matou seu pai.
Médicos que examinaram o “monstro” disseram que ele sofria de esquizofrenia, o que explicaria seu comportamento assassino.
Mitos, que de tanto serem lembrados e comentados se tornaram reais, mascarando a negra atividade do regime militar, o verdadeiro “monstro”, mas que a população não exergava como um perfil de negro, franzino, barba rala e muito cruel.
Uma história que divide opiniões entre os que querem crer no mito, no monstro, no “fantasma” e os que creem que Orlando Sabino era um homem com distúrbios mentais e foi “usado” pelo regime militar para incobrir os crimes da ditadura.
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