Um Projeto de Lei (PL) de autoria do vereador Carlos Magno Pereira de Freitas (PSDC), conhecido pelo apelido de Catatau, que propõe a liberação do uso e comercialização de cerol e linhas chilenas em locais específicos de Belo Horizonte para práticas esportivas está causando polêmica na capital. O uso e comércio desses materiais já são proibidos por leis municipais e estaduais. Nesta quarta-feira (7), o político resolveu retirar a proposta da pauta, convocar uma audiência pública para discutir o tema, mas retornar com o projeto em data posterior para uma possível votação
Segundo Catatau, apesar das proibições, não há fiscalização das linhas, e o PL 373/2017 visa retirar a “clandestinidade das ruas” e levar as pessoas que usam os materiais para “pipódromos” em áreas ermas.
“Queremos levar os pipeiros para locais adequados. Ninguém respeita a proibição, a ‘matança’ continua. Eu jamais vou fazer um projeto para prejudicar motoqueiros, eu também sou motoqueiro. Precisamos tirar assassinos das ruas, mas, na verdade, eles nem sabem que são assassinos porque estão só brincando”, explicou.
Questionado como seria a fiscalização dos locais e da venda, o vereador afirmou que a intenção é ter uma fiscalização realizada por órgãos competentes, como a Polícia Militar, Guarda Municipal e representantes da prefeitura. “Vamos ter lojas certas para que façam essas vendas. Quem quer soltar a pipa vai lá comprar a linha, mas precisará apresentar carteira de identidade, comprovante de endereço e CPF. A pessoa tem que ter a responsabilidade’, alegou.
Repercussão
Enquanto Catatau defende o projeto, o vereador Álvaro Damião (PSB) classificou a proposta como inadmissível. “Eu jamais imaginei que a gente pudesse discutir um assunto como esse na Câmara. Você tentar aprovar um negócio que mata as pessoas. Sou a favor das pipas, mas jamais com cerol ou linha chilena”, destacou.
Álvaro Damião também afirmou que a capital não tem esse espaço ermo para que a ideia seja colocada em prática. Além disso, o político acredita que não há como fiscalizar o comércio e uso. “Já é difícil fiscalizar muita coisa na nossa cidade, e uma outra coisa: depois que o papagaio ou pipa é cortado no ar, como você vai saber se ele caiu em um lugar ermo ou na avenida Antônio Carlos, no Anel Rodoviário, na Cristiano Machado, na Amazonas? Não tem como controlar isso”, ponderou.
A audiência pública quer Catatau quer convocar com agentes de segurança, Ministério Público, Prefeitura de Belo Horizonte e motociclistas ainda não tem data prevista.
Motociclistas fazem protesto
Na tarde desta quarta, mais de cem motociclistas fizeram um protesto pacífico do hall da Câmara Municipal de Belo Horizonte contra o projeto de lei do vereador Catatau.
“A gente não é contra o papagaio ou a pipa. A gente é contra essa maldita linha com cerol ou linha chilena. Elas atingem pais de família, trabalhadores, crianças e animais. Corta todo mundo. Acredito que esse vereador Catatau tenha sido infeliz nesse projeto. Ele retirou da pauta, mas continuamos de olho”, finalizou o representante do motoclube Abutres, Cleilton Costa.
Dados
Segundo a assessoria de imprensa do Hospital de Pronto Socorro XXIII, em janeiro deste ano, cinco pessoas deram entrada na unidade de saúde vítimas de linha de cerol. Em 2017 todo foram 25 e 2016 foram 33 vítimas.