Quem precisa de um Certificado Internacional de Vacinação para viajar para fora do país tem enfrentado horas na fila para ser atendido, no Centro de Atenção à Saúde do Viajante. O posto de atendimento, que funciona na rua Paraíba, 890, no bairro Funcionários, é vinculado à Secretaria de Saúde de Belo Horizonte.
Na entrada do prédio, há um aviso, com data de 25 de janeiro, informando que “em virtude da alta demanda espontânea do serviço de assistência ao viajante o atendimento para emissão do Certificado será realizado apenas mediante apresentação de senha”.
O problema é que são distribuídas 60 senhas, às 9h, e outras 80, às 13h, quantidade considerada insuficiente, diante de tanta procura.
Com viagem marcada
O analista Rafael Queiróz, de 37 anos, tem viagem marcada com a mulher para o exterior, no próximo dia 31, e eles não conseguiram o documento na semana passada. Na manhã desta quarta-feira, o casal precisou sair de casa às 6h para conseguir as senhas, às 9h. Depois, o atendimento ainda foi demorado.
“Poderiam oferecer um serviço de agendamento também, para a gente não precisar ficar esperando mais de duas horas na fila. A gente tentou telefonar algumas vezes e ninguém atende. A gente perdeu toda a manhã esperando na fila e estou ausente no meu serviço”, disse Rafael.
No aeroporto de Confins
A professora Thaísa Silva, de 30, conta que no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, região metropolitana, o atendimento é feito por agendamento e facilita muito, segundo ela.
“A gente chega 7h30 para tentar uma senha às 9h e é muito incômodo. É por ordem de chegada. Eles têm que distribuir mais senhas ou criar outros locais de atendimento. Aqui é o único lugar de Belo Horizonte e fica cheio, pois são muitas pessoas”, reclama a professora. “A fila estava enorme quando cheguei, mas muita gente foi embora sem conseguir senha”, comentou.
Frustração
A professora aposentada Mariângela Faria, de 61, enfrentou fila na terça-feira e não conseguiu o certificado. Ela retornou hoje e só conseguiu a senha porque houve desistência.
“Fiquei muito chateada. Ontem eu vim aqui, gastei dinheiro com o táxi, na vinda e na volta, e hoje eu retornei e não consegui a senha. A minha sorte é que houve uma desistência, conversei com a atendente e ela me deu a senha 48. Foram dois dias para conseguir”, reclamou a aposentada. “É muita gente para ser atendida em apenas um lugar”, lamentou.
Corrida pelo documento
A publicitária Izabella Zacarias Neves, de 25, corre contra o tempo para conseguir o documento até sexta-feira, quando tem viagem marcada para Cuba e o Peru. Ela não conseguiu a senha na manhã de hoje e resolveu aguardar até às 13h para tentar senha à tarde.
“Vou perder meu almoço e o meu dia aqui na fila. Devo ser atendida somente depois das três horas da tarde. Não posso sair daqui sem esse documento, senão não viajo. Com o surto do febre amarela, a fila só aumentou. Meu irmão vacinou contra a doença em um posto de saúde de São Paulo e eles entregaram o certificado para ele na hora. Aqui, não. A gente precisa enfrentar outra fila. Além disso, o site deles não explica que é preciso senha e não informam o horário de distribuição. Telefonei várias vezes, mas ninguém atende”, reclama a Izabella.
Demanda
A Secretaria Municipal de Saúde informou que a procura pelo Certificado Internacional de Vacinação aumentou, mas que não há um fator específico e não há relação com o surto de febre amarela. Informou, ainda, que não há previsão de criação de outro local de atendimento na capital, lembrando que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também emite o certificado no Sesc do bairro São Francisco, na rua Viana do Castelo, 490, no bairro São Francisco, região Noroeste, e no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, região metropolitana.
Segundo ela, o Sesc do bairro São Francisco, também emite o certificado. “O Sesc faz agendamento para emissão do certificado, mas só tem vaga para meados de abril”, reclama Izabella.
Ainda de acordo com a secretaria, o Serviço de Atenção à Saúde do Viajante foi inaugurado em 2012 e passou a emitir o Certificado Internacional de Vacina em 2014. Antes, o documento era emitido na própria Secretaria de Saúde.
“O Serviço de Atenção à Saúde dos Viajantes tem por objetivo orientar viajantes sobre doenças transmissíveis, cuidados com higiene, medicações e vacinações pendentes, recomendadas ou exigidas. A unidade emite também o Certificado Internacional de Vacinação, que é exigido por alguns países, e a emissão só é feita para os usuários que comprovem a viagem. Esta comprovação pode ser feita por meio de passagem ou reserva de hospedagem”, informou a secretaria, lembrando que o documento só é exigido por alguns países e que a lista completa está disponível no site da Anvisa.
Serviço
O Serviço de Atenção à Saúde dos Viajantes funciona de segunda a sexta, das 9 às 17 horas, com pausa das 12h às 13h. O atendimento é realizado exclusivamente por meio de senhas, que são distribuídas na parte da manhã (60 senhas) e na parte da tarde (80 senhas).
O local oferece vacinas conta a febre amarela, dupla adulto (difteria e tétano), tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), hepatite B, poliomielite oral. Assim como o Certificado, as vacinas só são aplicadas nos usuários que comprovem viagem.
O Serviço de Atenção à saúde do Viajante atende a uma média de 2.000 pessoas ao mês. A unidade está localizada à Rua Paraíba, 890 – na Savassi, região Centro-Sul da capital.