Para muitos já deu certo, para outros ainda não, mas só não vale desistir. Fim de ano é a vez das superstições, dos mantras, dos desejos e dos pensamentos positivos, na esperança de um ano sempre melhor. Em busca de pessoas que fazem todo um ritual para a noite da virada, a reportagem encontrou o ator e performance coreógrafo Guilherme Morais que foi logo respondendo: “Sou eu mesmo, adoroooo, faço tudo, todo ano e sempre dá resultado”, disse ele, que, inclusive, estava fazendo a sua tradicional “compota do prazer” na hora.
É um doce de frutas secas preparado especialmente para ter abundância o ano inteiro. Cada pessoa dá uma colherada e pronto, garante Morais, é infalível. A receita, facilmente encontrada na internet, inclui ameixas pretas, maçã e pêra desidratadas, passas brancas, cerejas, nozes e castanhas do Pará picadas, amêndoas, um pouquinho de canela em pau, de cravo, uma rodela de limão e um cálice de vinho tinto. Ufa! Muita coisa! Mas quem faz ou quem come diz que vale a pena.
“Faço a compota todos os anos e ela não deixa faltar nada para quem come comigo, todos têm um ano super bom. Estou fazendo duas, uma para outro grupo que vai passar a virada em outro lugar”, afirmou Morais, que tem ritual até para cozinhar o doce com mensagens otimistas. Ele também come sopa de lentilhas para dar sorte e dinheiro. Mas lembra que tem que saber escolher e fazer o desejo, não pode só pedir “felicidade”, é muito genérico.
Ter um bom mantra, repeti-lo em voz alta, pode ajudar a virar o ano cheio de boas expectativas. Pode usar letra de música, poema… o mantra só não pode ter palavra negativa como “não”, “fim”. Uma dica para este ano é falar várias vezes: “Muito amor, muita saúde, muita prosperidade, 2018” e abrir o coração para o novo ano.
Comer a compota do prazer, romã, uvas, lentilhas, pular sete ondinhas, cada um tem um rito favorito, mas o mais universal talvez seja a cor da roupa e, porque não, das peças íntimas que serão usadas na virada. No ano em que começou a namorar, Ana Paula Dias, de 33 anos, tinha usado calcinha vermelha no réveillon. “Deu certo. E quando fiz a do romã na carteira eu consegui meu primeiro trabalho”, disse ela. O vermelho é usado por quem quer um romance ardente. Mas tem o branco, que é mais tradicional entre os brasileiros, ideal para quem deseja paz e harmonia no ano que chega. Então, vista sua cor, seus desejos e suas crenças, e entre na corrente por um ótimo 2018!
Uva da sorte Muitos montam uma mesa cheia de uvas, de qualquer cor, para a noite de reveillón, porque acredita-se que ela traz sorte no novo ano. O costume veio dos espanhóis, que dizem que cada uva comida é um mês de sorte. Na mesa, que pode ser uma espécie de altar de desejos, colocam-se ainda frases e imagens. Dizem os gurus que o símbolo de 2018 será a borboleta amarela, que vai levantar as poeiras de 2018 num voo de alegria. E a uva é a fruta deste ano. As cores da vez são cinza e prata. |
Romã na carteira Essa está nos textos bíblicos, na cultura grega, árabe e no imaginário judaico. A romã é vista como uma fruta ligada a fartura. Aqui no Brasil, costuma ser bem cara nos supermercados, mas em Belo Horizonte tem alguns pés nas ruas de graça! Seja na virada ou, pelo catolicismo, no Dia de Reis (6 de janeiro), a tradição é chupar algumas sementes e guardar em um pedaço de papel branco (há quem guarde em nota de dinheiro) na carteira para atrair riqueza e prosperidade ao longo do ano. |
Lentilha para ter fartura Não são só os brasileiros que compram lentilhas para o fim do ano. Mundo afora, o povo faz o alimento nas mais variadas receitas para ter fartura e prosperidade no novo ano. O porquê da lentilha é um mistério, mas reza a lenda que tem a ver com o formato dela, que parece uma moeda. A origem dessa superstição é italiana, e foram os imigrantes que trouxeram para cá. O ditado popular do país europeu dá o recado: “Lentilha no Ano-Novo, dinheiro o ano todo”. É preciso que a lentilha seja a primeira coisa a ser consumida na ceia, logo após as 12 badaladas que anunciam o dia 1º. |
FOTO: YASUYOSHI CHIBA/AFP |
Pulando ondas Quem tem o prazer de passar a virada na praia, pode renovar as energias no oceano e, assim que der 0h, ir pular sete ondas é de lei, e não custa nada né?! Vai que… Mas a garantia pode ser maior se a simpatia for com fé: peça, acredite e concentre-se nos desejos e nas metas profissionais e pessoais. A tradição vem da cultura afro, que reverencia a deusa do mar Iemanjá. Os pulos seriam algo como uma superação de obstáculos que podem vir no novo ano. Já a quantidade sete tem a ver com uma questão espiritual, pois trata-se de um número cabalístico, que tem significado misterioso, enigmático. Alguns acreditam que os saltos não podem ser de costas para o mar, pois aí atrairia má sorte. |
FOTO: Vipagi / MF Press Global |
Cores significam Já escolheu a calcinha ou cueca da virada? E a roupa? Quer reviravolta em 2018 e modernidade? Vá de prata. Se o desejo é riqueza, de espírito e material, o amarelo e o dourado simbolizam isso, além de alegria e descontração. Verde, todo mundo já sabe que é esperança, mas pode ser também saúde e fertilidade. Para ter um ano mais tranquilo, confie no azul. Rosa e vermelho estão com o amor, o primeiro mais quente, carinhos, e o segundo é mais quente, fogoso. O preto não é coisa ruim não, representa independência, por ser ausência de cores. Tem ainda o laranja da criatividade e o roxo para mais inspiração. |