O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO), voltou a criticar o programa Bolsa Família, afirmando que a dependência de jovens ao benefício social é um obstáculo para o mercado de trabalho no estado. Durante um evento em Belo Horizonte nesta quinta-feira (20), Zema declarou que há escassez de mão de obra em diversas cidades mineiras e que prefeituras têm identificado beneficiários do programa que poderiam estar empregados. Segundo ele, “só não trabalha quem não quer”.
Zema fez um apelo aos prefeitos presentes no evento, pedindo que atuem para reduzir a dependência do Bolsa Família em seus municípios. Ele argumentou que há oportunidades de emprego em grande parte das cidades, mas que muitos jovens preferem permanecer recebendo o auxílio. “Estava conversando com um prefeito mais cedo, e ele me disse: ‘Governador, na minha cidade tem empresas se instalando e não encontram mão de obra, mas a assistência social da prefeitura contou 738 jovens dependendo do Bolsa Família’. Estamos fazendo um trabalho lá com muito tato, com muito critério, para conscientizar essas pessoas de que trabalhar é muito melhor do que ficar recebendo um seguro, auxílio, Bolsa Família, fazendo bicos”, afirmou o governador.
A declaração gerou reações imediatas entre parlamentares da oposição. O presidente do PT Minas, deputado estadual Cristiano Silveira, rebateu as falas de Zema, chamando-o de “mal informado” e afirmando que o governador “não conhece a pobreza e o impacto do Bolsa Família na vida da população brasileira”. Silveira destacou que, apenas em 2024, mais de 1,3 milhão de famílias deixaram o programa por terem melhorado sua renda. “A fala de Zema não reflete a realidade e é apenas opinião de herdeiro”, disparou o deputado.
Essa não é a primeira vez que o governador critica o Bolsa Família. Em 2024, durante um evento do setor de supermercados, Zema já havia associado o programa às dificuldades enfrentadas por empresários para contratar funcionários no Brasil. As declarações reiteradas têm alimentado o debate sobre o papel do benefício social no combate à pobreza e sua relação com o mercado de trabalho.
Em Minas Gerais, mais de um milhão de famílias, distribuídas pelos 853 municípios do estado, recebem o Bolsa Família, com um valor médio de R$ 657,85 por beneficiário. O programa segue como uma das principais políticas de transferência de renda no país, mas continua a dividir opiniões entre gestores públicos e políticos.