“Somente no ano passado, o estado gastou mais de R$ 3 milhões com os 11 eventos de entrega de medalhas. Este ano, teremos apenas um, a entrega da medalha da Inconfidência”, prometeu o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo), em um vídeo postado nas redes sociais em fevereiro.
Sete meses depois, nesta quinta-feira (12), o próprio Zema estava entre os homenageados a receber a medalha Juscelino Kubitschek. A cerimônia é tradicionalmente realizada em Diamantina (MG), terra natal do ex-presidente, na data de seu nascimento.
O governador recebeu a medalha ex officio, expressão em latim para definir ato por dever do cargo. Para que possam entregar a medalha, todos os governadores recebem a honraria no primeiro ano de mandato.
Segundo o governo, as medalhas deste ano foram compradas na gestão de Fernando Pimentel (PT) e o evento teve custo de R$ 50 mil — uma redução de 87% dos gastos comparados a 2018.
Entregue pela primeira vez em 1996, a medalha JK foi criada para premiar mérito cívico de personalidades e entidades que prestam serviço ao coletivo e ao desenvolvimento de município, estado ou país. A honraria possui duas modalidades —Grande medalha e Medalha de honra.
Idealizador da medalha, quando ocupava o cargo de chefe de gabinete do governador Eduardo Azeredo (PSDB), Serafim Jardim diz que não acredita que este seja o último ano dela.
“Muitas vezes a pessoas fala uma coisa em um certo momento. A medalha JK é uma lei, que foi criada pelo próprio governo, aprovada pela Assembleia, sancionada pelo governador. Eu tenho certeza que ela terá continuidade. O governador viu o que representa Juscelino”, diz ele, que dirige a Casa JK, em Diamantina, há 37 anos.
Em nota, o governo Zema afirma que a posição do governador sobre o corte de medalhas continua a mesma de fevereiro. “Os procedimentos necessários estão em andamento e novas determinações sobre o assunto serão divulgadas em momento oportuno”, segue o texto.
Jardim é um dos integrantes do Conselho permanente que escolhe os homenageados e é presidido pelo líder do Legislativo estadual —este ano, o deputado Agostinho Patrus (PV). O projeto de lei que criou a medalha foi assinado pelo pai dele, presidente da ALMG 24 anos atrás.
Cada membro pode indicar uma pessoa para receber a Grande medalha e cinco para a Medalha de honra. Entre os membros estão um dos secretários de Zema que foi homenageado, Igor Mascarenhas Eto, também do partido Novo; o prefeito de Diamantina, Juscelino Roque; o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Nelson Missias de Moraes, e representantes da família de JK.
Além de Zema, entre os 30 homenageados com a Grande medalha, estão os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia (ambos do DEM), o comandante do Exército Edson Pujol, o novo secretário de governo de MG Bilac Pinto (DEM) e o embaixador do Vietnã no Brasil Do Ba Khoa.
Entre os 78 homenageados com a Medalha de honra, estão desembargadores, deputados federais e estaduais, promotores e defensores públicos, membros da polícia militar e da sociedade e quatro secretários da gestão Zema —Igor Mascarenhas Eto (Secretário-Geral da Governadoria), Julia Sant’Anna (Educação), Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva (Saúde) e Elizabeth Jucá e Mello Jacometti (Desenvolvimento Social).
Em um discurso com referências a JK, Zema defendeu uma “nova era” para enfrentar a crise fiscal de Minas Gerais, uma das mais graves do país.
“As reformas são necessárias para garantir a sustentabilidade dos estados e do governo central. O Parlamento prontamente se mobiliza para votar a reestruturação da previdência e do sistema tributário. Somos a favor da inclusão dos estados e municípios”, afirmou.
Em abril, na entrega da medalha da Inconfidência, a mais alta honraria do estado, sempre realizada no dia de Tiradentes, o governo voltou atrás no discurso sobre voos oficiais, depois que o vice-governador, Paulo Brant (Novo), usou um helicóptero para ir à cerimônia.